No passado sábado, dia 25 de novembro, “celebrou-se” o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher. A celebração, entre aspas, é porque não é um dia feliz. Não é um dia de festa. Pelo contrário é um dia que não devia existir pois é sinal de que as coias não vão bem.
Ah está muito melhor! Já se fez muita coisa! Os dias são outros! Ok são sim! Mas muito ainda há por fazer. Falo de todos os dias celebrativos da sociedade: dia da irradicação da pobreza, dia da mulher, dia contra o racismo, dia contra a xenofobia, e por aí em diante.
Voltando à eliminação da violência contra a Mulher é um assunto que me toca particularmente porque, primeiro sou mulher e depois porque estou a criar dois filhos homens.
A parte mais visível desta catástrofe é a violência física. Aquela que deixa marcas no corpo e na alma. Uma atrocidade tão violenta que nem dá para colocar em palavras. Tira-me mesmo do sério.
No entanto, a violência contra as mulheres nem sempre é visível. A ideia do ser menor, do ser não tão respeitável está até enraizada em muitas mulheres que acabam por desculpar ou não dar valor a determinadas atitudes porque é assim a vida. Deixam-se ser agredidas verbalmente, acham que têm a seu cargo todas as tarefas domésticas, têm a seu cargo todas as tarefas de educadora, sem nunca reclamar de nada porque é assim, são mulheres.
Muitas vezes somos nós próprias a não achar mal nenhum porque estamos formatadas para ser subservientes. As mulheres ganham menos, as mulheres trabalham menos (mentira mas é como se fosse), as mulheres têm muita sorte em não terem ficado para tias, as mulheres sabem que não há melhor. As mulheres sabem da sua condição de mulher. Ainda não há-de ser nesta vida que verei alterações significantes neste campo. E as alterações são, nada mais, nada menos, do que este assunto deixar de ser assunto. Só assim se dá uma evolução.
Ontem, num centro comercial estava uma família de três pessoas. Pai, filho e mãe (atenção à ordem de importância, não é por acaso). Pai e filho estavam sentados numa cadeira e mãe acocorada a dar a comida ao filho. Pai bebia o seu café muito tranquilamente. Quando me dei conta fui levar a cadeira à senhora que me deu mil desculpas: ah deixe estar, ah eu estou bem assim, ah já estava de saída. Enfim… Era ela própria a se desculpar daquela situação.
Não está certo. Podem vocês me dizer: ah e então o homem é que ficava em pé?
1- Sim: se fosse cavalheiro e se eventualmente não houvesse mais cadeiras em todo o centro comercial- a mulher estava a dar de comer a uma criança acocorada.
3 -Não: se fosse ele a dar a comida. Neste caso era legítimo que estivesse sentado.
2- Não era necessário nenhum dos dois ficar em pé. Numa situação de igualdade olhavam para a mesa e compunham-na para que os três ficassem sentados.
Isto é nada realmente. Nada, nada. Podia ficar aqui o dia todo a escrever mas era chato. Há muito caminho a percorrer. E é só um exemplo de muitos e que aconteceu ontem, não foi há 20 anos.
Tenhamos empatia uns pelos outro.
Mafalda
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