Avançar para o conteúdo principal

Bacalhau à Lagarteiro



Que é uma mistura de lagareiro com lagarto, ou para os mais ligados à “bola”, um prato que poderia ser confecionado na Academia do Sporting Clube de Portugal sem que ninguém achasse bizarro. Mas não, este foi feito por mim, na minha cozinha, e diverti-me tanto ao fazê-lo porque já estava a pensar no título desta edição do “já prá mesa”.

Tudo começou com bacalhau e batatas, a base fundamental deste tão típico prato português. Antigamente, o bacalhau era confecionado nos fornos dos lagares de azeite, pela época do azeite novo – finais de outubro.

A preparação do bacalhau nos lagares, quando a quantidade de azeite produzida correspondia às expetativas dos produtores, extrapolava o que servia de um simples teste e adquiria rituais de festa, de celebração. Com a chegada da batata trazida do novo mundo, estes dois ingredientes uniram-se num casamento perfeito. Dizem os bons palatos que já lá vão uns 400 anos e nunca discutiram.

Voltando ao prato, que é o que nos interessa, comecei por pré-cozinhar o bacalhau, as batatas e cebolas numa panela com água por 15 minutos (não adicionei sal). Este passo acelera o processo de cozedura no forno, pois serão precisos apenas mais 15 minutos a 200 graus para a refeição ficar preparada.

Enquanto isso, juntei num copo triturador meio pimento verde, um molho de coentros, um molho de manjericão, três tomates secos, azeite, vinagre, sal e pimenta preta. Fui provando até encontrar o equilíbrio de sabor que pretendia (fica ao vosso critério as quantidades).

Depois parti duas cabeças de alho e espalhei num tabuleiro de ir ao forno. Se tiverem um que vá ao forno e fique bem à mesa, tanto melhor. Eu não tenho e até parece incrível! Adiante que não é por isso que não se cozinha. Juntei um pouco do preparado de ervas aos alhos. Depois dispus o bacalhau, as batas e as cebolas e voltei a juntar mais “azeite verde”.

Como já vos disse, é levar ao forno por mais 15 minutos e a refeição está pronta. Polvilhem com flocos de malagueta e coentros frescos picados e bom apetite.

Agora, já pra mesa que o último fica com as espinhas.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Bodião no forno e a empreitada para deixar de comer peixe

O bodião é um peixe que se encontra facilmente na Madeira pois o seu habitat preferencial é  junto á costa em toda a orla rochosa, em locais com muitas algas e também dentro dos portos. A sua cor varia entre o vermelho e o castanho sendo que identifica se é fêmea ou macho, respetivamente. A sua carne é muito branca e densa e é dos peixes que mais gosto. Tem um sabor muito próprio que me leva à minha herança gastronómica. Em qualquer restaurante de peixe há bodião. Normalmente é feito grelhado ou então em filetes fritos. A minha opção de fazer no forno foi por ser mais rápido e também por gostar muito de peixe assado. E vá… porque queria testar esta receita :D Pré-aquecer o forno a 200º. Comecei por fazer o tempero do peixe: Numa trituradora juntei: -6 tomates secos - 2 dentes de alho - 1 pitada de sal - uma mão cheia de mistura de especiarias - duas mãos cheias de manjericão fresco - azeite e vinagre Tudo triturado até ficar uma pasta. Coloquei os peixes num...

Porque é que risquei o fiambre da minha lista de compras?

Muitos de vocês já devem saber a resposta a esta pergunta mas hoje vou falar um bocadinho deste assunto. Não esperem de mim grandes fundamentalismos ou mesmo reprovação a comportamentos. Vou dar a minha opinião esclarecida sobre o assunto com uma dica ou sugestão de alternativa alimentar a este produto. Vamos então ver como é composto o fiambre. E vou dar um exemplo dum dito fiambre “bom”, o de perú: Lista de ingredientes: Peito de peru (53 %), água, sal, amido, estabilizador (E420), dextrose, lactose, proteínas do leite, emulsionantes (E451, E450), aromas, açúcar, gelificantes (E407, E415, E412), intensificador de sabor (E621), antioxidante (E316), cloreto de potássio, aroma de fumo, conservante (E250). Cobertura decorativa: água, gelatina de suíno, corante (E150). Pode conter vestígios de: soja. Informação retirada do produtor: Ver outras informações . Assim sendo: temos duas vezes no mesmo alimentos adição de dois açúcares (Dextrose + Sacarose), Sal e com os seguintes ...

Picado ou Picadinho

É só escolher qual o nome que querem dar a este petisco típico da minha terra – a bela e formosa ilha da Madeira. Curiosamente os pratos típicos da região, tirando a Espada e o Atum, são à base de carne. Não somos produtores mas é uma presença na nossa gastronomia. Exemplo disso é a Espetada a Carne de Vinho e Alhos, o Picado e os deliciosos grelhados (sobretudo de galinha, costeletas de porco e bifes). O Picado é ideal para um jantar em família ou entre amigos. Numa travessa pequena, média ou grande, colocada no meio da mesa serve de mote para por a conversa em dia enquanto se “pica” à vontade. Os mais gulosos muitas vezes têm de levar com um “já chega” que isto é para todos. Hehehehe A receita típica varia sendo que a mais consensual é colocar no molho sopa de rabo de boi. Eu não o faço por questões de gosto pessoal. Como faço o meu picado: - Carne de vaca da boa e tenra cortada aos cubos temperada com sal, alho e louro; - Numa frigideira bem quente com um fio de azeite e ...